domingo, 3 de junho de 2012

Da moeda ao cartão, 40 anos de Orelhão


Quem nunca utilizou um ORELHÃO? Pelo menos uma vez na vida esse acessório público nos ajudou a resolver problemas urgentes ou nos permitiu matar as saudades de conversar com quem amamos.


O Telefone Público há muito já se consolidou como ferramenta fundamental para a comunicação. Ele faz parte da vida da população brasileira desde 1920, quando já se tinha notícia sobre a utilização de aparelhos conhecidos como semi-públicos. No entanto, foi em 1934, quando a Companhia Telefônica Brasileira (CTB), instalou na cidade de Santos, em São Paulo, os primeiros Telefones Públicos de Pagamento Antecipado, é que sua história começou de verdade. A princípio, os Telefones Públicos ficavam em postos telefônicos e estabelecimentos credenciados, como bares, cafés e padarias. Junto a eles havia uma caixa coletora de moedas, e as ligações eram realizadas com a ajuda de uma telefonista.


Somente no ano de 1971 os Telefones Públicos começaram a ocupar as calçadas. Primeiro foram instaladas em São Paulo 13 cabines circulares feitas com vidro e acrílico. Essa experiência não deu muito certo, porque as cabines eram usadas inadequadamente. Mas, ainda assim, era preciso encontrar uma alternativa eficaz, resistente e econômica para atender à população.  Assim, em 1970, a arquiteta e chefe da Engenharia de Prédios da CTB, Chu Ming, percebeu que a empresa buscava uma alternativa para substituir as cabines cilíndricas. Foi assim que ela deu início a um projeto onde um abrigo oval em fibra de vidro era acoplado a um suporte de metal. Ideal para atender à necessidade da empresa.


Mas, por que esse formato? Chu Ming sabia que a melhor forma acústica era o ovo. Além disso, ela queria que seu projeto levasse simplicidade e conforto sem custar mais caro. Isso justifica não só o formato, mas também o material escolhido para a construção dos ORELHÕES. A fibra de vidro é bem mais barata que os outros materiais (vidro e acrílico), ocupa menos espaço e se adequa perfeitamente ao o clima tropical do Brasil, já que é mais arejada. Além disso, oferece bem mais resistência que as cabines cilíndricas testadas anteriormente. Argumentos não faltavam para que o projeto fosse aprovado e executado com louvor, e assim aconteceu.


Os ORELHÕES, como são popularmente conhecidos, foram testados pela primeira vez em 1971, quando 13 cabines foram distribuídas pela cidade de São Paulo. 


Em 1972 eles foram definitivamente apresentados à população brasileira e instalados em maior escala nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e posteriormente em outras do país. 


No ano em que foi criado o ORELHÃO, a CTB registrava 4.200 aparelhos pelo Brasil. Hoje são mais de 52 mil. Da moeda ao cartão, foi um longo caminho até chegar ao modelo atual. 


Só para se ter uma ideia, em 1934, para fazer uma ligação era necessário ter uma moeda de 400 réis. Porém, com a mudança da moeda brasileira em 1945, foi necessário mudar também o dispositivo interno dos telefones, que passaram a receber duas moedas de 20 centavos. Para evitar o retrabalho de alterar a configuração dos aparelhos toda vez que a moeda do país fosse modificada, foi criada a ficha telefônica. Os usuários adquiriam as fichas em postos de venda e com elas realizavam suas ligações.


Ainda assim o problema não foi solucionado, pois cada companhia possuía modelos de fichas exclusivos, de acordo com a localidade. Ou seja, quem adquiria as fichas em uma cidade, não conseguiria utilizá-las em outra.


Foi então que em 1964 a CTB criou um modelo de ficha padrão, que poderia ser utilizado em todo território atendido pela companhia. As fichas foram utilizadas até o ano de 1992, quando o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Telebrás, (CPqD), criou o cartão telefônico que vai subtraindo os créditos de acordo com o tempo de ligação. Esse cartão é utilizado até os dias atuais. 


E assim, lá se vão 40 anos desde que os primeiros ORELHÕES foram instalados em caráter experimental nas principais capitais brasileiras. E de lá pra cá esse objeto de uso público virou um ícone do mobiliário urbano, tão comum quanto um ponto de ônibus ou um semáforo. 


São poucas as alterações feitas no projeto original da arquiteta Chu Ming Silveira, que foi responsável por estreitar as relações pessoais e profissionais, tornando a vida do cidadão mais confortável e dinâmica.


Por isso, este ano, a cidade de São Paulo fará uma homenagem inédita aos ORELHÕES da capital. A “CALL PARADE”, parceria da Toptrends, empresa com know how em eventos de arte de rua, realizadora da já consagrada “CowParade” (aquela das vacas), com a operadora VIVO, patrocinadora exclusiva do evento. 


Uma exposição 100% interativa com o público e que pode ser conferida através do mapa de localização conforme o link:


http://callparade.com.br/mapa-da-exposicao/


Em épocas de aparelhos celulares, o ORELHÃO ainda é muito requisitado. Uma pena que esses históricos aparelhos de rua que resistem ao tempo, são alvos de atos de vandalismo. 



Quem sabe agora, os  ORELHÕES passam   a  ser vistos de outra forma, com outros olhos e mais respeito. Você nunca sabe quando vai necessitar tê-lo por perto em uma emergência, não é mesmo...

Um comentário:

  1. Mto legal esse artigo.Nem lembro qdo usei um pela última vez. O problema era só não ter fichas (ou unidades de cartão) suficientes p/ conversar o q precisava de um longo papo e a ligação era cortada. E tb as filas q se formaam enquanto um indivíduo estava falando e os outros estavam c/ pressa. Pena q hj estejam depredados e repletos de anúncios de p... (deixa p/ lá). Derveriam ser mais respeitados pela população. Bjs

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