domingo, 15 de abril de 2012

De vento em popa à grande tragédia


Este fim de semana marca os 100 anos do naufrágio do RMS Titanic, que submergiu no Atlântico Norte, perto da Terra Nova, na madrugada de 15 de abril de 2012. Apenas 700 dos seus mais de 2.200 passageiros sobreviveram. Peter Rager, morador de St. Louis, no Estado de Missouri, se diz obcecado com o Titanic desde que tinha cinco anos, quando assistiu na TV ao filme "Somente Deus por Testemunha", de 1958. Sábado, Rager vai colocar sua gravata e fraque brancos para participar de uma encenação sofisticada da última refeição da primeira classe no navio, 11 pratos, cada um acompanhado de um vinho diferente, no Fox Theatre, no centro de St. Louis. Rager acha que depois do fim de semana ele voltará a ser "um especialista em algo para que as pessoas não estão nem aí", diz ele.


Locais diretamente ligados ao Titanic também estão planejando suas próprias cerimônias elaboradas para marcar a data. Foram inaugurados recentemente novos museus em Belfaste, onde o navio foi construído, e em Southampton, no Reino Unido, porto de onde ele partiu para sua trágica viagem inaugural. Cerimônias serão realizadas em Cherburgo, na França, primeira parada, em Cobh, Irlanda, sua última parada, bem como em Cape Race, na Terra Nova, que recebeu os primeiros pedidos de socorro do navio. Em Londres, a Orquestra Filarmônica Real apresentou esta semana uma nova sinfonia chamada "Titanic Requiem", que tem entre seus compositores o vocalista do Bee Gees, Robin Gibb, que está gravemente doente.




Muitos lugares que não têm o privilégio dos laços históricos também estão se movimentando. O jantar em St. Louis é parte de três dias de eventos ligados ao repórter do St. Louis Post-Dispatch, que estava de férias no RMS Carpathia, navio que recebeu o pedido de socorro do Titanic e ajudou a resgatar os sobreviventes, rendendo ao jornalista o furo de uma vida. Os hotéis St. Regis vão promover festas regadas a champanha para lembrar o fundador da rede, John Jacob Astor IV, que morreu a bordo do Titanic.


A cidade de Oswego, no Estado de Nova York, na orla do Lago Ontário, não alega nenhuma ligação com o Titanic. Mas o museu marítimo da cidade, o H. Lee White, vai realizar um jantar de gala no sábado em memória dos passageiros do Titanic, e vai promover uma rifa de réplicas das cadeiras do convés do navio. "Os Grandes Lagos na verdade têm mais naufrágios que o Triângulo das Bermudas", diz a diretora do museu, Mercedes Niess, que acrescenta que o museu soube de um pastor que sobreviveu ao naufrágio e foi morar em Syracuse, uma cidade próxima. Pelo menos Oswego fica à beira d'água. Branson, no Missouri, está num Estado sem ligação com o mar, a cerca de 1.300 km do Oceano Atlântico. Mas isso não impede que cerca de cinco milhões de pessoas por ano visitem uma réplica em escala de 50% do Titanic inaugurada na cidade em 2006. A maquete de cerca de 1.600 metros quadrados, que repousa numa lagoa artificial e roça num iceberg de mentira, permite que os "passageiros" subam por uma cópia da grande escadaria do navio, ponham suas mãos na águas geladas e tentem ficar de pé no convés inclinado do navio que naufraga.




Não surpreende que o aniversário do Titanic esteja atraindo tanta atenção, diz Paul Heyer, professor de estudos da comunicação da Universidade Wilfrid Laurier, em Ontário, Canadá. A história do fim trágico do navio tem sido motivo de fascinação desde que ela ocorreu, diz Heyer, cujo livro de 1995 "Titanic Century: Media, Myth and the Making of the Cultural Icon" (O Século do Titanic: Mídia, Mito e a Formação de um Ícone Cultural) foi relançado para coincidir com os cem anos do naufrágio e será vendido a US$ 48. Os esforços para faturar com o desastre são quase tão antigos quanto o próprio naufrágio. A primeira versão cinematográfica da história, um filme mudo estrelando a atriz Dorothy Gibson, que realmente sobreviveu ao Titanic, foi lançada menos de um mês depois do naufrágio. Mais de uma dezena de outros filmes já foram lançados desde então, como o campeão de bilheteria de 1997 "Titanic", dirigido por James Cameron, que foi relançado em 3D para o centenário.



Talvez vendo o centenário como o topo do mercado do Titanic, a própria companhia de recuperação também está procurando lucrar com ele. A RMS Titanic Inc. obteve, pelas leis marítimas internacionais, os direitos exclusivos de recuperação na área ao redor do local do naufrágio. A holding da empresa, Premier Exhibits Inc., está vendendo todos os seus mais de 5.000 objetos recuperados, num leilão que alguns especialistas dizem pode faturar US$ 200 milhões.


Num comunicado, a empresa disse que esperava "colocar esses artigos nas mãos de guardiões que possam conservá-los por mais cem anos, sem a pressão de ter que convertê-los em dinheiro". Mas, para alguns entusiastas do Titanic, nenhum souvenir ou réplica é suficiente. No começo da semana, mais de 1.300 passageiros embarcaram no MS Balmoral, em Southampton, para um cruzeiro que vai refazer a rota do Titanic.



Um comentário:

  1. Titanic produziu mtas histórias q c/ certeza são inesquecíveis e rendeu gdes produções. A de Leo di Caprio e Kate Winslett é a mais romântica e triste mas a verdadeira ainda é um mistério q difícilmente deixará as profundezas do mar. Bjs

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