quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O retrato de uma monarquia

No dia 6 de fevereiro de 1952, a jovem princesa Elizabeth estava no Quênia, de volta de um longo passeio para observar animais selvagens, quando duas coisas momentosas se sucederam. Primeiro, ficou sabendo da morte de seu pai, o rei George VI. Segundo, e consequentemente aos 25 anos de idade, casada, dois filhos pequenos, ela se tornava rainha. Faltava só um pequeno esclarecimento. Seu secretário, Martin Charteris, perguntou-lhe que nome escolheria quando subisse ao trono, como os papas, monarcas podem sim, serem renomeados. "Meu nome mesmo, é claro". Respondeu. "Certo", concordou Charteris. "Elizabeth. Elizabeth II". Os sessenta anos de reinado de Elizabeth, começam a ser comemorados no mesmo dia de fevereiro em que ela herdou a coroa e continuam ao longo de 2012, com toda a parafernália em que a monarquia britânica é insuperável. Desfiles de cair o queixo, exposições de diamantes deslumbrantes e viagens dos membros próximos da família real aos quatro cantos de um mundo que continua a sentir curiosidade aberta e pouco disfarçado deslumbramento à vista da realeza de verdade. Sessenta anos, é uma data tão impressionante que, para a maioria das pessoas, não existe outra imagem de rainha da Inglaterra que não seja a de Elizabeth. Alías, 90% da população mundial, nascida após a sua ascensão, jamais conviveu com outro retrato da monarquia inglesa que não o dela.


Quando Elizabeth se tornou rainha, o mundo tinha 2,6 bilhões de habitantes, o papa era Pio XII e o presidente americano, Harry Truman. Winston Churchill, que a recebeu com lágrimas nos olhos ao pé da escada do avião em que voltava do Quênia, (já de luto, pois roupas em preto fechado, sempre vão nas bagagens reais, para o caso de alguma emergência), dava seu turno derradeiro como primeiro-ministro do até hoje chamado governo de Sua Majestade. No Brasil, de 55 milhões de pessoas, Getúlio Vargas estava há dois anos do fim trágico, teve tempo de presentear Elizabeth, para a sua coroação, em 1953, com um conjunto de colar e brincos com fabulosas água-marinhas. Um menino de 11 anos, apelidado de "Pelé", já jogava seu futebolzinho em Bauru. Outro e apelido que também seria futuramente conhecido, Lula, tinha 6 anos e uma infância de privações em Garanhuns. No reino do qual Elizabeth se tornava a simbólica encarnação, os ovos ainda eram racionados à razão de uma unidade semanal por adulto. Na dureza ainda predominante no Reino Unido do pós-guerra, era inevitável que a ascensão ao trono de uma jovem bonita de comportamento "impecável", a "herdeira de nossas tradições e nossas glórias", nas palavras algo enamoradas de Churchill, virasse um sinal de tempos melhores. 


Nos sessenta anos seguintes, os tempos, realmente melhoraram (a recente piora nem remotamente se compara à esqualidez da metade do século passado). Elizabeth continuou irreprochável, respeitada e querida até pelos mais anárquicos espíritos da Terra, Vivienne Westwood, não usou calcinha e os Beatles, fumaram aquele tipo de erva que a rainha não põe no chá enquanto esperavam as honrarias oficiais do reino, mas não as recusaram (John Lennon depois de devolver a sua, em algum protesto hoje esquecido). A tão britânica qualidade do senso de dever talvez, seja a virtude mais associada à rainha. Isso e pernas fortes, apesar de duas cirurgias no joelho, o que permite que aos 85 anos de idade, aguente firme, em pé, de sapatos de salto médio, a infindável quantidade de cerimônias oficiais que continua a comandar. Só de condecorados, titulados ou homenageados que exigem no mínimo algumas frases gentis, foram até hoje, mais de 405.000. Sempre de roupas claras, chapéu e broche durante o dia (para aumentar a visibilidade), e de vestidos brancos nos banquetes oficiais, Elizabeth tem provavelmente o rosto mais reconhecível do planeta. 


Seu projeto número zero, é a permanência da dinastia. A sucessão está garantida pelo filho Charles, e pelo neto William, que contribuiu consideravelmente para aumentar o prestígio da família com o perfeito e romântico casamento com Kate, no ano passado. O maior temor da rainha no momento, é que viva para ver mais uma desunião no Reino Unido caso a Escócia (oficialmente associada à Inglaterra sob a designação de Grã-Bretanha em 1707), vote em plebiscito, pela sua independência.

Um comentário:

  1. Ela foi coroada mto jovem. Sempre fui uma admiradora da corte britânica e desejo à Vossa Majestade (q por acaso tb é a chefe do nosso James Bond) mta saúde e paz em seu reinado. E tb estou feliz por saber q a Escócia poderá decidir finalmente sua idependência. Rezo mto por esse dia e sei q será feito o melhor p/ os compatriotas do Connery. Beijocas p/ vc.

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