quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A luxúria e a gula

Responda rápido. Quando você coloca algo inusitado na boca, sobe aquele frio na espinha, seguido por um arrepio e logo, você descobre um novo prazer, passando a saborear seus desejos buscando aprimorar a satisfação deles. Vale tudo quando se trata de um pecado. Nestas horas, a primeira coisa que lhe vêm à mente é o sexo, certo? Não necessariamente, mas sim à alimentação. O que não deixa também de ser um raro prazer.

Quanto mais um desejo é satisfeito, mais ele é excitado. Palavras descritas pelo libertino francês, Donatien Alphonse François de Sade, o "Marquês de Sade" em "120 Dias de Sodoma". E não é isso que vale para a comida?! Já que se trata do melhor da festa?! Quando experimentamos um prato muito apetitoso, com ele, vem junto, uma vontade provocante e convidativa a novas experiências. 


Na obra de Sade, as ceias dos personagens libertinos eram ricas e fartas, muito fartas. Eram servidos, sem moderação, com rigor e elegância, diversos tipos de vinhos e licores, inclusive os mais raros. Carnes assadas, brancas, de preferência de aves de criação ou caça, servidas com suas penas, para que parecessem vivas e diferentes qualidades de massas, doces e frutas de todos os tipos, inclusive as mais exóticas para uma Europa do século XVII.

Mesmo sem apetite, os personagens de Sade, sentem uma necessidade de deglutirem mais comida. Em seus banquetes, sexo e alimento são pares, já que a refeição, na sua concepção, tem um sentido; abastecer de energia o corpo do libertino, para prepará-lo para uma boa noite de sexo.


Assim, a orgia gastronômica, sutilmente se transforma em orgia sexual. A busca constante do prazer individual, sem juízo de moral, por meio dos mais estonteantes pecados capitais. A luxúria e a gula, um verdadeiro jardim das delícias.

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