quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Uma história emblemática

Comparado muitas vezes ao oceano, tal qual a sua profundidade, riqueza e complexidade, na tradição dos judeus, o "Talmud", é uma grande coleção de livros, produto de várias épocas e da sabedoria de centenas de rabinos, denominados "amoraim", ou seja, comentaristas. Esse fabuloso livro, est´q dividido em duas partes. A primeira, é conhecida como "Halachá", o corpo jurídico da religião judaica, sua exposição e interpretação. A segunda, é conhecida como "Hagadá", seria como um olhar poético e ético sobre a Escritura, através da milenar arte de contar histórias. Se encontram ali, as lendas, os contos e as reflexões permeados por uma voz universal. Os antigos sábios faziam uma bonita relação entre a Halachá e a Hagadá. E diziam, que nem só de pão vive o homem. Por este motivo, além de Halachá, que seria o pão de cada dia, era fundamental a Hagadá, que seria uma espécie de bebida que aquece e alegra o coração.

O Talmud foi sempre fruto de muita discussão e de debates acalorados. Muitos queriam estudá-lo, porém sua complexidade, era muito barreira. Conta uma antiga história, uma lenda judaica, que um homem desmiolado pôs na cabeça que queria compreender o Talmud. E foi até o rabino de sua cidade, pedindo que ele o ensinasse o que havia dentro do Talmud. O rabino, surpreso com a atitude do homem, tentou explicar que por ser muito complexo, não haveria como ensinar ao homem, o Talmud. O homem, insistiu por várias vezes, se gabando de sua inteligência, com ar de grande sábio. O rabino, diante de tanta insistência, cedeu e olhando atentamente no fundo dos olhos do homem, disse:


- Vamos ver o que posso fazer. Preste muita atenção ao que lhe vou perguntar. Um dia, dois ladrões resolveram assaltar uma casa, entraram pela chaminé e, quando chegaram na sala, um estava com o rosto limpo e o outro, com o rosto sujo. Qual deles foi se lavar primeiro?

O homem ficou pensativo por alguns minutos, coçou a cabeça e chegou a conclusão obvia, afirmando que o que estava sujo, foi se lavar primeiro. O rabino abriu um sorriso e respondeu:

- Está vendo como o senhor não pode compreender o Talmud? Seu estudo, requer muita inteligência. Sabe por que? O ladrão de rosto limpo, olhou para o companheiro larápio de rosto sujo e, imaginando que seu próprio semblante também estava negro de fuligem, correu para se lavar. Já o de rosto sujo, vê seu companheiro com a cara limpa e supõe que ele também está do mesmo jeito, portanto, não se limpa. 


O homem, maravilhado com a explicação do rabino, agradeceu e se sentiu feliz da vida por finalmente compreender o Talmud. O rabino, então, abriu outro sorriso e disse:

- Só um desmiolado como o senhor acreditaria que dois ladrões, quando saem de uma chaminé, podem estar um limpo e outro sujo. Agora, talvez você compreenda e perceba que não tem tanta inteligência necessária para a compreensão do Talmud. Porém, nem só de pão vive o homem. Vou contar-lhe uma história do Talmud. Conta uma antiga lenda judaica, que um homem desmiolado pôs na cabeça que queria compreender o Talmud. Ele foi até o rabino de sua cidade e disse...

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