quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Neve pra cachorro!

Não são apenas os cães que se esforçam. Numa competição que agregam homens e mulheres, dos 30 aos 60 anos, competem por igual. A  cerca de 2.000 metros de altitude do nível do mar, os alpes, são uma cadeia de montanhas que atravessam 8 países da Europa. E esta corrida de trenós, é realizada do lado francês. Estamos falando de uma das competições mais conhecidas dos alpes franceses, a" Grande Odisséia Savoie Mon Blanc". O Mont Blanc, que significa Monte Branco, é um dos tipos mais altos da Europa com 4.800 metros.

Patas e pés, encaram a neve durante 10 dias. A corrida começou em Les Carroz, num percurso de 800 quilometros e que cruza 18 estações de esqui, do norte da França, passando pela Suiça e Itália, até a chegada à Val Cenis. Em Termingnon, na França, os trenós, que atraem a torcida de multidões, já foram o principal meio de transporte nas serras mais geladas do mundo. Os agora atletas, no passado, eram os desbravadores desta imensidão branca. 


Se não fosse este meio de transporte tão simples, locais muito distantes jamais teriam sido ocupados. Transformar história em esporte, segundo o diretor da competição, Dominique Grandjean,  é uma maneira de resgatar o espírito de coragem e sobretudo, parceria entre os homens e seus melhores amigos. Segundo ele, os cachorros que puxam trenós, existem há 4.000 anos na Terra. E se não fossem as corridas, não haveriam mais cães deste tipo. E que tipo ou raça é essa? Os olhos azuis, chamam a atenção, mas nem todos, são Huskies Siberianos. Em geral, os guias preferem cruzar diferentes linhagens até chegar a um animal mais resistente, e ao mesmo tempo, veloz. 

O campeão eslovaco, Milos Gonda, aposta na mistura entre os Huskies do Alasca, acostumados ao frio e cães de caça, como os Pointers. Milos afirma que, traz um excelente equilíbrio, para eles correrem rápido à distância almejada. Os cães, começam a serem testados, aos 6 meses de vida. A partir daí, os treinamentos passam a ser diários. Faça chuva, sol ou neve. O que não pode mesmo, em hipótese alguma, é fazer calor. Por mais frio que possa parecer para nós, que vivemos em um país tropical, os guias garantem que a praia destes cachorros, é a neve. Durante o inverno, a temperatura média, é de 10 graus negativos. 


No trenó, na frente, ficam os cães mais inteligentes. Os que obedecem melhor aos comandos, como "cuidado", "em frente""direita" e "esquerda". Já os últimos, estes, são os mais fortes. Afinal, precisam aguentar o peso do trenó, onde vão os equipamentos de segurança e a comida, por exemplo. Mesmo com muito treinamento, não é fácil. Alguns cães, tropeçam no desafio. Até acabam caindo e se enrolando todo, muitas vezes pregando aquele susto no guia. Nada de mais ou que seja grave, mas implica no guia parar toda a matilha, para desenrolar o animal preso nas cordas do trenó. Acontece.

Cada equipe, conta com 4 reservas, em média. São cachorros que são acionados quando os titulares se cansam demais, ficam doentes ou se machucam. E para proteger a saúde deles, que uma outra equipe entra na pista. De acordo com Delphine Clero, a chefe dos veterinários, o papel de um  veterinário nesta competição, é essencialmente preventivo, e claro, além de cuidar de pequenas lesões musculares, que pode aparecer quando se faz uma atividade esportiva intensa. A cada 24 horas por dia, 6 veterinários se revezam em prol dos bichinhos. A cada etapa do percurso, os guias, levam os cães aos veterinários de plantão, que garantem, a segurança deles, está sempre em primeiro lugar.


O sol lentamente se põe, dando lugar a luz do luar. A competição segue noite adentro, sendo que metade do percurso é feito no escuro. Dependendo do cansaço das equipes, todas elas se recolhem em uma espécie de acampamento chamada de Base Polar. Um acampamento improvisado a mais de 2.000 metros de altitude. Os cães, chegam exaustos. Recebem comida e uma roupa para se esquentarem do frio. E como passarinhos, usam a palha como ninho, onde passam a noite aquecidos. Os latidos, recomeçam na alvorada. Sob uma temperatura de 15 graus negativos, a única coisa quente mesmo, é a disputa. A velocidade média dos trenós, é de 20 quilômetros por hora. 


Após 10 dias de competição, chegam os primeiros vencedores. Como em qualquer outra disputa que se preze, há o momento da premiação, e claro, com o cão sempre ao lado do vencedor, e que ambos permanecem felizes. Para o vencedor, o troféu da competição e um prêmio em dinheiro. Quanto ao cão, um presente que ele adora, independente da ocasião.


Não há animal que resista a um afago carinhoso.  

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