sábado, 30 de junho de 2012

Oswaldo Goeldi, o mestre das gravuras

Meio século após ter sido encontrado morto no quarto onde morava e habitava de favores, no bairro do Leblon, no subúrbio carioca, o artista Oswaldo Goeldi, nascido em 1895 e falecido em 1961, finalmente ganha notoriedade de suas obras, em uma das maiores retrospectivas já realizadas antes. Com curadoria de Paulo Venâncio Filho, a montagem traz ao MAM (Museu de Arte Moderna), um acervo que soma mais de 200 itens entre desenhos e gravuras. Em outra sala de caráter educativo, reune sob a organização de Lani Goeldi, sobrinha-neta do artista, além de objetos pessoais e profissionais, documentos, cartas, fotografias e uma prensa, na tentativa de reproduzir fielmente o ateliê do artista expressionista.



Criados a partir da década de 1920, quando a produção do gravador atingiu a sua maturidade, os trabalhos foram arranjados por afinidade, temática e plástica. O percurso, leva o visitante a uma trajetória em zigue-zague, passando por cruzamentos e becos, temas estes, comuns no universo sombrio de Goeldi. "A intenção foi criar uma exposição que não tivesse começo ou fim definitivos", diz o curador da exposição. Predominam as xilogravuras de alto contraste, com a atmosfera marginal e melancólica na qual a luz luta para ganhar seu espaço. Sobressaem ainda os exemplares no início da década de 1930, época em que o artista começou a explorar a cor, e a sessão dedicada ao mar e aos pescadores. 



"Um europeu sentimental exilado", como ele mesmo se definia, Goeldi era filho do cientista Emílio Augusto Goeldi, que cresceu iniciando sua carreira na Suíça. E ao voltar para o Rio de Janeiro em 1919, recusou a euforia artística do período entreguerras. Chegou a ilustrar revistas e livros, como a Obra Completa, de Fiódor Dostoievski, publicada pela Editora José Olympio em 1937. Foi ainda professor na Escolinha de Arte do Brasil e na Escola nacional de Belas Artes (Enba), da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ali, abriu uma oficina de xilogravura, que mais tarde deu origem ao curso de graduação em gravura da instituição.



A exposição permanece em cartaz no MAM até 19 de agosto, das 10h às 18h. Entrada pelo portão 3 no Parque do Ibirapuera e a entrada é grátis.

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