A história do
xadrez tem origem controversa, mas é possível afirmar que o jogo foi inventado
na Ásia. Atualmente, a versão amplamente difundida é a de que teria surgido na
Índia com o nome de chaturanga e dali se espalhou para a China, Rússia, Pérsia
e Europa, onde se estabeleceram as regras atuais. Entretanto, pesquisas
recentes indicam uma possível origem na China do século III a.C., na região
entre o Uzbequistão e a Pérsia antiga, atual Irã.
Um dos
primeiros registros literários sobre o xadrez é o poema persa “Karnamak-i-Artakhshatr-i-Papakan”,
escrito no século VI, e, a partir desta época, sua evolução é mais bem
documentada e amplamente aceita no meio acadêmico. Após a conquista da Pérsia
pelos árabes, estes assimilaram o jogo e o difundiram no ocidente, levando-o ao
norte da África e Europa e até as atuais Espanha e Itália por volta do século
X, de onde se expandiu para o resto do continente chegando até a região da
Escandinávia e Islândia. No oriente, o xadrez se expandiu a partir da sua
versão chinesa, o “Xiangqi”, para a Coréia e Japão também no século X. Por
volta do século XV o jogo estava amplamente difundido pelo velho continente e,
dentre as variantes existentes do jogo, a europeia foi a que mais se destacou,
devido à rapidez proporcionada pela inclusão da Dama e do Bispo. Apesar de já
existir literatura anterior sobre o xadrez na época, foi neste período que
começaram a surgir as primeiras análises de aberturas em virtude das novas
possibilidades do jogo.
As partidas
começaram a ser registradas com maior frequência e mais estudos da teoria foram
publicados. No século XVIII foram fundados os primeiros clubes para a prática
do xadrez e federações esportivas na Europa, e em decorrência do grande número
de pequenos torneios acontecendo por todo o continente, em 1851 foi realizado o
primeiro torneio internacional em Londres. A popularidade das competições
internacionais levou à criação do título de campeão mundial, vencido por
Wilhelm Steinitz em 1886, e, em 1924, é fundada a Federação Internacional de Xadrez
(FIDE), em Paris, que organiza a primeira Olimpíada de Xadrez e o mundial
feminino, vencido por Vera Menchik. Assim, com a popularização dos computadores
ao fim da década de 1950, começam a surgir os primeiros programas que jogam
xadrez, que acompanharam a evolução do processamento de informação e
introduziram o jogo na era moderna com competições on-line e acesso facilitado
às análises das partidas.
Ainda assim,
há quem diga que a sua origem, é motivo de grandes debates entre historiadores
enxadristas, mas a teoria mais difundida é que tenha sido criado na Índia,
durante a dinastia “Gupta” por volta do século VI. Esta teoria é atestada pelos
primeiros registros literários persas e pela análise da etimologia das palavras
empregadas no jogo e sua evolução conjunta com o xadrez. Entretanto, teorias
alternativas propõem que o xadrez tenha sido criado num período anterior, em
diferentes localidades como China, Irã e Afeganistão. Estas versões exploram
evidências arqueológicas, militares, literárias e recursos da filogenética para
contestar a teoria indiana. As similaridades entre o “Chaturanga” e o “Xiangqi”,
considerado a versão chinesa do xadrez, são exploradas indicando que estes
jogos poderiam ter se influenciado mutuamente através do contato entre as
civilizações através da rota da seda, assimilando alguns aspectos de suas
regras e formando versões híbridas, o que poderia remontar à Grécia antiga e à
conquista de Alexandre - O Grande, sobre a Ásia Menor no século III a.C..
Existe a perspectiva de que, no futuro, novas análises da literatura existente
e descoberta de mais artefatos arqueológicos na Índia e China possibilitem
esclarecer em definitivo a origem do xadrez.
Segundo
Harold Murray, a análise filológica conecta o jogo com clareza à palavra “Chaturanga”,
que designava as quatro partes do exército indiano, bigas, elefantes, cavalaria
e infantaria, desde o século V a.C..Inicialmente, o jogo era praticado sobre o
tabuleiro do “Ashtāpada”, um outro jogo cujo significado foi estabelecido por
volta do século II a.C. e sugeria um objeto familiar. O “Chaturanga” é
considerado o jogo mais antigo com características essenciais da definição do
jogo encontradas nas versões posteriores onde dois jogadores se enfrentando em
um arranjo inicial e simétrico das peças, com peças de movimentos diferentes e
a vitória dependendo do captura de uma única peça. Não está claro se o
“Chaturanga” utilizava dados para designar seus movimentos, embora a grande
maioria dos jogos indianos os utilizasse. Uma das lendas a respeito da origem
indiana do xadrez, contada no poema persa “Chatrang Nâmag” Século VII e no
livro persa “Shāh-nāmeh”, Século XI relata que um rajá indiano enviou seu vizir Tâtarîtos à corte de Cosroes
I Anôšag-Ruwân, Xá da Pérsia, com tributos e um desafio para descobrir as
regras do “Chaturanga”. Cosroes pediu por quatro dias para resolver o enigma,
tendo obtido êxito no tempo previsto. O livro “Shāh-Nāmeh” descreve ainda mais
duas lendas a respeito da origem do xadrez. A primeira conta a história do
brâmane “Sissa ibn Dahir”, que criou o jogo a pedido de um rajá indiano e, como
recompensa, pedira um grão de trigo na primeira casa do tabuleiro, dobrando
progressivamente a quantidade a cada nova casa (o que resulta numa quantidade
astronômica). A outra história conta que o jogo foi inventado a pedido da mãe
do rei Gav para provar que este não havia provocado a morte do irmão Talhend
durante uma batalha, reconstituída sobre o tabuleiro.
Uma outra teoria
alternativa, sustenta que o xadrez surgiu do Xiangqi ou de seus predecessores,
que existiriam na China desde o séc. II a.C. David H. Li, um contador
aposentado e tradutor de textos chineses antigos, formulou a hipótese de que o
general Han Xin inspirou-se em uma versão anterior do jogo Liubo para
desenvolver uma versão primitiva do xadrez chinês no inverno de 204–203 a. C. O
historiador alemão Peter Banaschak, entretanto, pontua que a teoria de Li não
tem fundamento, afirmando que a obra "Xuanguai Lu", escrita pelo
ministro Niu Sengru (779–847) da dinastia Tang permance como a primeira fonte
aceita da variante chinesa Xiangqi.
Já os historiadores
iranianos questionam a ausência de evidências arqueológicas indianas anteriores
ao século IX, enquanto que evidências persas já foram encontradas a partir do
século VI, como uma hipótese da origem do xadrez pertencer à Pérsia antiga,
atual Irã. De fato, apesar da literatura indiana anterior ao século VI ser
rica, ela não faz menção específica ao “Chaturanga” como nome de um jogo, sendo
que as evidências mais claras neste sentido surgiram somente no século IX. A
etimologia também não seria objetiva a respeito do uso da palavra em sânscrito “Chaturanga”,
que significaria somente "exército", não ficando claro se é uma
referência ao xadrez ou a outro jogo. A influência persa na nomenclatura, de
cujo idioma “pahlavi” provém a maioria das palavras relacionadas ao xadrez,
também é considerada como argumento a favor da teoria iraniana. Por exemplo, a
figura do elefante como justificativa para a origem indiana também é
questionada. Esses animais não eram exclusividade da Índia, sendo conhecidos
desde a dinastia ptolemaica no Egito, e foram regularmente utilizados nos
exércitos persas. As obras persas Chatranj Namâg e Shāh-Nāmeh, que indicam a
origem do jogo como de um outro reino a oeste, relatado como Hind e que trouxe
o “Chaturanga” para corte persa,
poderiam indicar uma província oriental do império persa que inclui a província
moderna do Sistan e Baluchistão, que durante a dinastia Aquemênida era uma
extensão da província do Khuzistão.
Na antiga
Pérsia, o poema “Mâdayân î chatrang”, ou simplesmente Chatrang Nâmag, é a
primeira evidência literária que descreve as peças de xadrez e a chegada do “Chaturanga”
na Pérsia, embora a datação do texto seja controversa - historiadores estimam
que ele date entre os séculos VII e IX. Só por volta do século VII outro poema,
“Xusraw Kawadan ud redag”, escrito também no idioma pahlavi, menciona o “Chaturanga”,
o Ashtāpada e o Nard, antecessor do gamão. Cosroes foi o Xá da Pérsia de 531 a
579 e entre as possibilidades existentes, seria o primeiro a receber um
conjunto de peças de xadrez da Índia.
Na região da
Pérsia foram encontrados os vestígios arqueológicos mais antigos do jogo,
localizados no sítio arqueológico de Afrasiab, perto da cidade de Samarcanda,
no atual Uzbequistão. As denominadas peças de Afrasiab são sete em número (1
Rei, 1 Torre, 1 Vizir, 2 cavalos e 2 peões), com um tamanho médio de 3 cm de
altura, e foram datadas do séc VII. As primeiras adaptações ao “Chaturanga” foram a tradução do jogo, que passou a se
chamar Chatrang, e das peças que mantiveram o significado indiano de
representar no jogo os quatro componentes do exército na época, ou seja, bigas,
cavalaria, elefantes montados e soldados além do soberano e seu conselheiro. Os
persas também introduziram expressões no jogo como Shāh, atual xeque, utilizado
ao ameaçar o Rei adversário, “Shāh-mat” (Xeque-Mate) que o Rei foi emboscado,
capturado ou morto, o que indica o término da partida e Shāh-rukh, que indica
uma ameaça dupla ao rei e à Torre, que até então era a peça mais forte. Desta
forma, desde o início o jogo foi popular, tendo sido criadas variantes citadas
em diferentes manuscritos, como por exemplo o Murûj adh-dhahab e a enciclopédia
Nafâ'is al-funûn, que descrevem um total de sete variantes praticadas na época,
apesar de terem sido desenvolvidas já sob o domínio árabe sobre a Pérsia. A
primeira descreve o xadrez oblongo, o xadrez decimal, o circular, celestial
(al-Falakîya) e o limbo (al-Jawârhîya). A segunda descreve também o Xadrez
citadela (al-Husûn) e o xadrez grande (al-Kabîr) conhecido posteriormente como
Xadrez de Tamerlão.
Durante a
conquista árabe, quando os árabes dominaram a Pérsia, em 651, o profeta Maomé
já havia falecido, o que provocou um longo debate entre os teólogos islâmicos
sobre a legalidade da prática do jogo. Por fim, permitiu-se suas práticas sob
determinadas condições, que incluiam não ser apostado, não levar a disputas ou
linguajar impróprio e não representar as peças figurativamente. O jogo
tornou-se popular entre califas, como Harun al-Rashid, que patronavam os
melhores jogadores de sua corte, e, no final do século IX, já era amplamente
aceito e difundido no mundo árabe, sendo levado para o norte da África, Sicília
e Península Ibérica. Surgiram então os primeiros grandes jogadores, notáveis em
suas épocas, pela capacidade de jogar mesmo dando vantagens de peões até torres
para seus adversários. Al-Adli, Al-Razi e Al-Suli foram os grandes nomes deste
período, tendo-se destacado tanto no xadrez como nas artes e ciências. Os
árabes foram os primeiros a estudar com um método analítico as fases do jogo de
aberturas, meio-jogo e finais, buscando explorar as fraquezas existentes em
cada uma delas. Criaram inúmeros problemas, denominados mansūbāt, representando
os finais típicos de uma partida, com a utilização das regras do Shatranj,
versão arabizada do Chatrang persa. Desde período também é a primeira
referência a uma partida de xadrez às cegas, relatado por Al-Safadi num
manuscrito árabe do século XIV.
A análise
etimológica das peças de xadrez indica que o xadrez foi introduzido na Rússia a
partir do Chatrang, de origem persa. Enquanto na Europa a figura do ferz já
havia sido transformada na Rainha, a peça permanecia masculinizada na Rússia
como ferz, e o Bispo e a Torre figurados como um elefante e um barco,
respectivamente. As evidências arqueológicas mais importantes foram escavadas
na cidade de Novgorod, indicando que o jogo foi introduzido por volta do século
IX. Quando os europeus tiveram contato com a cultura russa, o jogo já estava
plenamente estabelecido e a versão européia das regras lentamente substituiu as
regras do Chatrang, embora ainda no século XVIII algumas tribos no extremo
oriente fizessem uso das regras antigas. Assim como no Europa, a monarquia também
demonstrava interesse pelo jogo, patrocinando os melhores jogadores. Os czares
Ivã IV da Rússia, Catarina, a Grande e Pedro I da Rússia estão entre os
monarcas que demonstraram tal interesse. Essa teoria atual do xadrez estabelece
que o Xiangqi seja o resultado da assimilação do “Chaturanga”. O objetivo da
variante chinesa é similar ao jogo indiano, que consiste em capturar o Rei do oponente,
que é denominado "general". O xiangqi também incorpora elementos do
jogo de tabuleiro “Go”, conhecido na China desde o século VI a.C., no qual as
peças são movidas nas interseções das linhas do tabuleiro, ao invés das casas.
No xadrez chinês as peças têm usualmente a forma de disco, como no jogo de
Damas, sendo diferenciadas por ideogramas na parte superior. Na China, o “Chaturanga”
foi possivelmente introduzido pela rota da seda entre a região de Kashmir e o
império chinês por volta do século VIII. Entretanto, o império chinês se fechou
ao contato externo, dificultando a penetração do jogo, o que só foi modificado
após a Segunda Guerra Mundial e o estreitamento das relações externas com a
União Soviética.
O Shatranj
foi introduzido na Europa pelos árabes por volta do século X, através da
conquista da Espanha, onde rapidamente se popularizou, alcançando todo o
continente europeu já no final do século XI. As restrições religiosas à prática
do xadrez se mantiveram, apesar de continuarem a serem desobedecidas tanto pela
corte européia quanto pelo clero. O primeiro registro literário em solo
europeu, o poema Versus de Scachis, encontrado num monastério na Suíça,
descreve o movimento das peças de xadrez, as regras do jogo e o tabuleiro com o
padrão dicromático empregado atualmente. As regras descritas ainda eram as
mesmas do Shatranj; entretanto, este poema faz primeira menção à Dama (Regina,
em latim), embora ainda com os mesmos movimentos do fers e regras diferentes
para a promoção do peão, que impediam duas Damas sobre o tabuleiro, visando
manter a monogamia real. Assim como entre os teólogos islâmicos, a prática do
xadrez foi discutida entre os teólogos católicos e proibida, apesar das
divergências da interpretação da lei canônica. Uma carta entre Pedro Damião,
Bispo de Óstia em aproximadamente 1061, para o Papa eleito Alexandre II
discutia o assunto. Até aproximadamente o século XIV, a prática do xadrez foi
proibida em várias ocasiões em diferentes países como França, Rússia,
Inglaterra e Alemanha e religiões como a Igreja Ortodoxa, judaísmo e
catolicismo.
Lentamente, o
jogo começou a ser aceito pela nobreza, sendo considerado um entretenimento
apropriado para cavaleiros, soldados, cruzados e menestréis. Era permitido
também que um homem visitasse o quarto de uma Dama com a intenção de jogar
xadrez.
Por volta de
1250 surgiram os primeiros sermões que utilizavam o xadrez como uma metáfora
para o ensino de ética e moral. Estes trabalhos eram denominados moralidades e
se tornaram muito populares na época. A primeira obra do gênero foi “Quaedam
moralitas de scaccario per Innocentium papum (A Moralidade Inocente)”, de
autoria atribuída ao Papa Inocêncio III (1163-1216), um prolífico escritor de
sermões, e posteriormente a um frei franciscano chamado João de Gales
(1220-1290). Na segunda metade do século XIII, o monge Jacobus de Cessolis
publicou os sermões “Liber de Moribus Hominum et Officiis Nobilium Sive Super
Ludo Scacchorum (Livro de costumes dos homens e deveres dos nobres ou o livro
de xadrez)”, um trabalho que se tornou muito popular, sendo traduzido para
várias línguas e a base do livro “The Game and Playe of the Chesse”, um dos
primeiros livros impressos na língua inglesa.
Por volta do
final do século XV, o jogo sofreu a principal alteração de sua história, com a
substituição dos lentos Ferz e Fil pela Dama e Bispo, respectivamente. Esta
nova versão do jogo surgiu no sul da Europa e rapidamente se popularizou pelo
continente, tornando obsoleto todo o conhecimento adquirido previamente sobre a
teoria de aberturas e finais em virtude da grande mobilidade das novas peças. Surgiram então as primeiras análises e livros
contemplando novas regras de Luis Ramirez de Lucena em Repetición de Amores y
Arte de Axedrez (1497), Damiano em Questo Libro e da Imparare Giocare a Scachi
(1512) e Ruy López de Segura em Libro de la Invención Liberal y Arte del Juego
del Axedrez (1561), sendo este último o mais forte jogador da época e primeiro
a formalizar as regras do roque num único movimento e a captura en passant.
Outros nomes surgiram como Paolo Boi, Polerio e Greco que eram patronados em
diferentes cortes, produzindo uma grande variedade de manuscritos com novas
teorias em aberturas.
Em 1749,
Philidor publicou seu livro L'analyse des échecs, discutindo em detalhes a estratégia
como um todo e a importância da estrutura de peões no jogo como um fator
posicional. Seu livro incluía catorze partidas fictícias e várias anotações de
meio jogo discutindo características como peões isolados, dobrados, atrasados,
passados e ilha de peões. Philidor foi o melhor enxadrista de seu tempo e seu
livro permaneceu uma obra de referência do xadrez moderno por mais de um
século, sendo traduzido para vários idiomas. Suas idéias deram base para a
primeira escola de pensamento do xadrez, a Escola de Philidor. Apesar disto, a
escola italiana, desenvolvida por Ponziani, Lolli e Del Rio por volta de 1750,
preconizavam, em oposição a Philidor, um desenvolvimento rápido das peças e o
ataque direto sobre o Rei adversário, dominando o desenvolvimento da teoria até
o final da década de 1840. Nesse mesmo período, surgiram em Londres e Paris as
primeiras cafeterias que popularizaram a prática do jogo. O Slaughter's (em
Londres) e o Café de la Régence (em Paris) presenciaram os primeiros confrontos
entre os melhores jogadores do período, como Stamma, Kermeur e Philidor. Já no
início do século XVIII, surgiram os primeiros estabelecimentos voltados
exclusivamente para a prática do xadrez, os clubes de xadrez em Londres, Praga,
Viena e Paris. Isto aumentou a necessidade de formalização das regras, visando
a realização de torneios nas agremiações, a partir de 1803 os clubes começaram
a publicar seus conjuntos de regras.
Por volta da
década de 1840, o centro do xadrez europeu ainda era na França, que detinha os
melhores jogadores da época, como Bourdonnais e Saint-Amant. Porém, após a
vitória de Staunton sobre o último, a Inglaterra ascendeu como centro mundial
do xadrez, iniciando a escola de pensamento inglesa. Lasa, Staunton e Jaenisch (de modo
independente) publicaram os primeiros livros de regras para o xadrez no final
deste período, que foram a base das competições subsequentes. Lasa foi co-autor
do Handbuch des Schachspiels (1843), utilizado na língua alemã, e Staunton
publicou o livro Chess Praxis (1860).
Em 1851 foi
disputado em Londres o primeiro internacional, vencido por Adolf Anderssen. A
partir de então, vários torneios foram realizados nas principais cidades da
Europa, como Londres (1862), Paris (1867), Baden-Baden (1870), Viena (1873),
Berlim (1881) e Hastings (1895). Nesse período surgiram também os primeiros
enxadristas profissionais, primeiro em Londres, principal centro do xadrez na
época, e depois em outras cidades. Inicialmente, estes jogadores disputavam
partidas em seus clubes, muitas vezes em simultâneas e às cegas, cobrando
pequenos valores por isso. Com os torneios se popularizando, os melhores
jogadores dedicaram-se a estas competições, como Joseph Henry Blackburne, Louis
Paulsen, Wilhelm Steinitz, Johannes Zukertort, Cecil Valentine De Vere, Szymon
Winawer, Isidor Gunsberg, Mikhail Chigorin, Samuel Rosenthal e Johannes
Minckwitz.
Em 1886 foi
disputado entre Steinitz e Zukertort a primeira disputa oficial pelo título de
campeão mundial, apesar do termo já ter sido empregado anteriormente. Steinitz,
o melhor jogador da época, venceu a disputa e manteve o título até 1894 quando
foi derrotado por Emanuel Lasker. Surgem então novos jogadores, além de Lasker,
que utilizavam um estilo de jogo mais posicional, conhecido como escola moderna
do xadrez, com nomes como: Siegbert Tarrasch, Frank Marshall, Dawid Janowski,
Carl Schlechter, Akiba Rubinstein, Harry Nelson Pillsbury e Géza Maróczy. Apesar
dos primeiros conceitos da escola ortodoxa terem sido propostos por Steinitz,
considerado fundador desta, somente essa geração de jogadores reconheceu os
trabalhos de Steinitz, incluindo Lasker, seu sucessor. Surgiu então o prodígio
cubano José Raúl Capablanca, que conquista o título mundial de Lasker em 1921,
pondo um fim no domínio germânico de jogadores europeus. Capablanca manteve uma
invencibilidade de oito anos em competições, sendo considerado ídolo do esporte
e derrotado somente em 1927 por Alexander Alekhine.
Após a
Primeira Guerra Mundial, o xadrez começou a ser revolucionado por um novo
estilo, determinado hipermoderno, dos teóricos Richard Réti, Savielly
Tartakower, Gyula Breyer e notoriamente Aaron Nimzowitsch, principal autor
desta escola com a obra Mein System (Meu Sistema), que preconizava o controle
do centro à distância e a utilização dos bispos flanqueados e Aberturas
Abertas.
A partir do
torneio de São Petersburgo de 1914, cresceram as iniciativas para a criação de
uma entidade reguladora para o esporte. Assim, nasce a FIDE, em 1924. O
primeiro evento organizado pela entidade foram as Olimpíadas de Xadrez,
vencidas pela equipe húngara, e o Campeonato Mundial Feminino de Xadrez vencido
por Vera Menchik, realizados em Londres no ano de 1927. Os congressos da FIDE
de 1925 e 1926 já manifestavam o interesse de organizar também o mundial
masculino, porém o fundo de premiação de $10.000 dólares exigido por Capablanca
era impraticável pela entidade, que decidiu criar um título em paralelo de
"Campeão da FIDE" em 1928. Bogoljubow venceu a disputa contra Euwe,
entretanto foi esquecido após sua derrota no mundial seguinte de 1929 contra
Alekhine, então campeão mundial após ter derrotado Capablanca no ano de 1927.
Alekhine concordava em disputar o título sob organização da FIDE, exceto contra
Capablanca, onde exigia as mesmas condições da partida realizada em 1927.
Após a
revolução russa, os líderes da recém formada União Soviética incentivaram o
ensino do xadrez para as grandes massas para treinamento da mente e preparo
para a guerra em tempos de paz. O Estado tomou controle da organização de
competições, incluindo eventos internacionais como em Moscou em 1925. O
incentivo governamental propiciou a criação da Escola Soviética de Xadrez,
liderada pelo futuro campeão mundial Mikhail Botvinnik. A escola soviética
preconizava um preparo psicológico e físico que incluia também análise
minuciosa das partidas dos oponentes para explorar as fraquezas e fortalecer
sua própria estratégia para o confronto. Após a Segunda Guerra Mundial, a FIDE
reiniciou suas atividades com a organização do mundial de 1946. Entretanto,
Alekhine faleceu antes da competição, deixando o título vago. Então, no
congresso da entidade de 1947, foram decididos os participantes de um torneio
que apontaria o novo campeão mundial, agora contando com o apoio da federação
soviética. A FIDE indica Paul Keres, Reuben Fine, Mikhail Botvinnik, Samuel
Reshevsky, Vasily Smyslov e Max Euwe para a disputa do ano seguinte. O que
ocorreu, foi que Botvinnik venceu o torneio, dando início a uma era de campeões
mundiais soviéticos até a década de 1990. Este domínio foi apenas interrompido
em 1972, no auge da guerra fria, quando o prodígio estadunidense Bobby Fischer
se tornou campeão ao derrotar Boris Spassky. O confronto, apelidado de Match of
the Century, teve grande repercussão na mídia, provocado um significativo
aumento do interesse pelo xadrez, sobretudo nos Estados Unidos. Entretanto,
Fischer não viria a defender o título em 1975 devido à FIDE ter recusado aceitar
as condições para a realização da partida por ele propostas, sendo o
título concedido ao desafiante Anatoly Karpov. O mesmo, defendeu seu título com
sucesso três vezes, sendo derrotado em 1985 para Garry Kasparov, que se tornou
o mais jovem campeão mundial de todos os tempos. Kasparov defendeu o título com sucesso três
vezes contra Karpov. Porém, em 1992, quando defenderia o título contra Nigel
Short, rompeu com a FIDE, vindo a fundar com o desafiante Short a PCA com o
objetivo de regular a disputa do título mundial. Kasparov e Short alegam que a
FIDE não os incluiu nas negociações com os patrocinadores para disputa do
match, sendo este o motivo para fundarem a associação rival. Financiada pela
Intel, a PCA organizou duas disputas do título em 1993, no qual Kasparov
manteve o título contra Short, e em 1995 no qual novamente Kasparov manteve o
título contra Anand. A FIDE continuou a organizar a disputa do título mundial,
e em 1993 Karpov recuperou o título disputado contra Jan Timman. Com o colapso
da PCA em 1997 devido à falta de patrocinadores, iniciaram-se as discussões
para reunificação do título que ocorreu em 2006 quando Vladimir Kramnik,
campeão pela PCA, venceu Veselin Topalov da FIDE. O atual campeão é Anand, que
conquistou o título em 2007.
Ao longo do
tempo, o duelo entre as máquinas (computadores) e o homem foi-se acentuando, e
o xadrez não foi exceção. As primeiras tentativas desta interação datam do
século XIX, com tentativas de notação automática de uma partida através de
dispositivos eletromagnéticos sobre o tabuleiro, conectados a um dispositivo de
impressão. Com o advento dos primeiros computadores no início de 1950, os
cientistas da computação logo iniciaram o desenvolvimento de programas
dedicados ao xadrez. Com o avanço da informática, os motores mais sofisticados
passaram a incluir funções de avaliação, considerando a posição das peças de
modo a buscar na árvore de possibilidades um lance ótimo de acordo com a
estratégia do jogo. Em 1974 foi disputado o primeiro campeonato mundial
dedicado exclusivamente a computadores, vencido pelo programa soviético Kaissa.
A partir de então, tais competições tornaram-se rotineiras e com o avanço da
computação, o confronto homem-máquina atingiu o nível dos Grandes Mestres. Bent
Larsen foi derrotado em 1988 por um computador em um torneio.
Em 1997, o
supercomputador Deep Blue venceu Kasparov, campeão mundial pela PCA, em um
match de seis partidas. O confronto teve grande cobertura da imprensa e foi
considerado por Frederic Friedel como "o mais espetacular evento da
história do xadrez". Entretanto, Kasparov questionou alguns dos movimentos
realizados no computador especificamente no jogo dois, suscitando dúvidas a
respeito da intervenção humana durante as partidas, o que foi negado pela IBM.
Desde então, tornaram-se mais frequentes as vitórias de softwares para a
prática do xadrez contra Grandes Mestres, mesmo em computadores com capacidade
de processamento inferiores a de Deep Blue.
Xeque-Mate...
Sempre quis aprender xadrez mas nunca consegui. Lembro q vi uma vez um verdadeiro duelo entre Anatolli Karpov e Guerry Casparov,os maiores enxadristas do mundo feito c/ crianças praticantes deste esporte. E não pense q teve moleza. Lógico q a garotada perdeu p/ a dupla de gênos mas teve um menino q chegou a empatar c/ Kasparov. Empate q valeu uma vitória ao pequeno brazuca, já q isso ocorreu na época das olimpíadas passadas aqui no Brasil como tentativa de promover o xadrez. Tb em FRWL teve reprodução fidelíssima de um jogo da vida real q nunca mais se repetiu c/ uma manobra inimaginável feita pelo vencedor. Bjs
ResponderExcluirCorrigindo, a disputa entre os 2 gênios enxadristas e os brasileirinhos foi há 4 anos p/ promover a escolha do Brasil como sede olímpica em 2016.
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