Heitor
Villa-Lobos se tornou conhecido como um revolucionário que provocava um
rompimento com a música acadêmica no Brasil. As viagens que fez pelo interior
do país influenciaram suas composições. Entre elas, se destacam "Cair da
Tarde", "Evocação", "Miudinho", "Remeiro do São
Francisco", "Canção de Amor", "Melodia Sentimental",
"Quadrilha", "Xangô", "Bachianas Brasileiras",
"O Canto do Uirapuru", "Trenzinho Caipira". Em 1903,
Villa-Lobos terminou os estudos básicos no Mosteiro de São Bento. Costumava
juntar-se aos grupos de choro, tocando violão em festas e em serenatas.
Conheceu músicos famosos como Catulo da Paixão Cearense, Ernesto Nazareth,
Anacleto de Medeiros e João Pernambuco.
No período
de 1905 a 1912, Villa-Lobos, realizou suas famosas viagens pelo norte e nordeste
do país. Ficou impressionado com os instrumentos musicais, as cantigas de roda
e os repentistas. Suas experiências resultaram, mais tarde, em "O Guia
Prático", uma coletânea de canções folclóricas destinadas à educação
musical nas escolas. Em 1915, Villa-Lobos realizou o primeiro concerto com suas
composições. Nessa época, já havia composto suas primeiras peças para violão
"Suíte Popular Brasileira", peças para música de câmara, sinfonias e
os bailados "Amazonas" e "Uirapuru". A crítica considerava
seus concertos modernos demais. Mas à medida que se apresentava no Rio e São
Paulo, ganhava notoriedade.
Em 1919,
apresentou-se em Buenos Aires, com o Quarteto de Cordas no 2. Na semana da Arte
Moderna, de 1922, o aceitou participar dos três espetáculos no Teatro Municipal
de São Paulo, apresentando, entre outras obras, "Danças Características
Africanas" e "Impressões da Vida Mundana". Em 30 de junho de
1923, Villa-Lobos viajou para Paris financiado pelos amigos e pelos irmãos
Guinle. Com o apoio do pianista Arthur Rubinstein e da soprano Vera
Janacópulus, Villa-Lobos foi apresentado ao meio artístico parisiense e suas
apresentações fizeram sucesso.
Retornou ao
Brasil em final de 1924. Em 1927, voltou à Paris com sua esposa Lucília
Guimarães, para fazer novos concertos e iniciar negociações com o editor Max
Eschig. Três anos depois, voltou ao Brasil para realizar um concerto em São
Paulo. Acabou por apresentar seu plano de Educação Musical à Secretaria de
Educação do Estado de São Paulo. Em 1931, o Maestro organizou uma concentração
orfeônica chamada "Exortação Cívica", com 12 mil vozes. Após dois
anos assumiu a direção da Superintendência de Educação Musical e Artística. A
partir de então, a maioria de suas composições se voltou para a educação
musical. Em 1932, o presidente Getúlio Vargas tornou obrigatório o ensino de canto nas
escolas e criou o Curso de Pedagogia de Música e Canto. Em 1933, foi organizada
a Orquestra Villa-Lobos.
Em 1936, em Praga e depois em Berlim, Paris e
Barcelona, Villa-Lobos apresentou seu plano educacional. Escreveu à sua esposa Lucília pedindo a separação, e assumiu seu
romance com Arminda Neves de Almeida, que se tornou sua companheira. De volta
ao Brasil, regeu a ópera "Colombo" no Centenário de Carlos Gomes e
compôs o "Ciclo Brasileiro" e o "Descobrimento do Brasil"
para o filme do mesmo nome produzido por Humberto Mauro, a pedido de Getúlio
Vargas. Em 1942, quando o maestro Leopold Stokowski e a The American Youth
Orchestra foram designados pelo presidente Roosevelt para visitar o Brasil, o maestro Stokowski realizou concertos no Rio de Janeiro e solicitou a
Villa-Lobos que selecionasse os melhores músicos e sambistas, a fim de gravar a
Coleção Brazilian Native Music. Villa-Lobos reuniu Pixinguinha, Donga, João da
Baiana, Cartola e outros, que sob sua batuta realizaram apresentações e
gravaram a coletânea de discos, pela Columbia Records.
De 1944 à
1945, Villa-Lobos viajou aos Estados Unidos para reger as orquestras de Boston
e de Nova York, onde foi homenageado. Em 1945 fundou a Academia Brasileira de
Música. Dois anos antes de sua morte, o maestro compôs "Floresta do
Amazonas", para a trilha de um filme da Metro Goldwyn Mayer. Realizou
concertos em Roma, Lisboa, Paris, Israel, além de marcar importante presença no
cenário musical latino-americano. Praticamente residindo nos EUA entre 1957 e
1959, Villa-Lobos retornou ao Brasil para as comemorações do aniversário do
Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Infelizmente, com a saúde abalada, foi
internado para tratamento e veio a falecer em novembro de 1959.
Se estivesse vivo, Heitor Villa-Lobos estaria completando hoje, 125 anos.
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