Moradores de duas cidades do
interior do Maranhão, afirmam e acreditam que dois objetos voadores não
identificados, caíram do céu. Uma esfera esquisita, meio queimada,
aparentemente de ferro. Segundo os moradores de Anapurus, norte do Maranhão,
que fizeram as imagens através de um celular, a bola caiu do céu e destruiu
tudo o que havia pela frente. O saldo, mesmo que pequeno, contabilizando a
queda de duas árvores, já deixou muita gente assustada.
Mas essa, ainda não foi a maior esquisitice
que os maranhenses presenciaram hoje. A 300 quilômetros de Anapurus, em São
Luis, outro objeto não identificado, também causou espanto da população, logo
cedo. Moradores alegam que não somente viram como ouviram também, um objeto se
aproximando vindo dos céus, caindo e causando um estrondo muito forte. O objeto
estranho, que leva a forma de uma placa de metal, ficou cravado numa árvore, na
pequena cidade de Tufilandia. Moradores, afirmam e acreditam se tratar de algum
objeto de fabricação pelo homem, do tipo um satélite, ou pedaço de fuselagem de
uma aeronave. Curioso, é que um morador da cidade acredita ter vindo do espaço,
mas não do céu.
Levadas as imagens ao presidente
da sociedade de astronomia do Maranhão, Manuel Ricardo Costa, disse jamais ter
visto nada parecido. Mas não descarta na hipótese de se tratarem de lixo
espacial. Comuns ao apresentarem marcas como derretimento nas laterais e
corrosão. Indagado sobre a questão dos estrondos, ouvidos por vários moradores,
ele não descarta a hipótese de ambos os objetos, terem vindo sim do espaço. A peça pertenceria a um foguete
da família Ariane do consórcio espacial europeu Arianespace, responsável também
pelo russo Soyuz e o italiano Vega. O foguete é lançado da base de Kuru, na
Guiana Francesa, para colocar satélites em órbita. A informação foi divulgada
no site em francês da agência, que entrevistou o pesquisador espacial Igor
Lissov. "Pode-se afirmar com alto grau de probabilidade que o balão
esférico descoberto no estado do Maranhão é um fragmento do terceiro estágio do
lançador europeu Ariane-4 lançado em 1997 do centro espacial de Kourou",
disse Lissov. Segundo ele, comunicados entre pesquisadores norte-americanos
confirmam a informação.
A possibilidade de a peça
pertencer a um foguete se explica, segundo Marcos Pontes, também pelo local
onde o objeto metálico caiu e pelo estado em que foi encontrado. "A
trajetória dele fica mais para o norte, ou seja, a peça teoricamente cairia no
meio do oceano Atlântico. Seria mais provável. Mas pela proximidade, pode até
ser de ele chegar por ali, no Maranhão", diz Pontes. Além disso, explica
ele, o foguete "sai do zero e passa por diferentes velocidades na
atmosfera". "Esses objetos que estão no espaço em órbitas baixas, com
o tempo vão perdendo velocidade e começam a reentrar. Sendo de um foguete, ele
teria menos chance de queimar totalmente nessa entrada."
No Brasil, especialistas em
engenharia aeroespacial afirmam que é difícil ter certeza absoluta sobre a
origem da peça, mas que se trata, pelas circunstâncias, de lixo espacial.
Segundo o coronel aviador da reserva, Sebastião Gilberti Maia Cavali, que foi
chefe da Divisão de Projeto Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial
da Aeronáutica, não é uma peça de avião. Há várias hipóteses de ser um lixo
espacial. É um reservatório de alguma coisa, de combustível, isso é certeza.
Pode ser um lixo espacial de satélite ou de foguete, ou também podia estar em
um balão, pode ter caído de algum outro equipamento”, diz. De acordo com a Agência Espacial Europeia, os
foguetes Ariane possuem tanques de combustível de titânio com um propelente
chamado Hidrazina (N2H4). A imagem à esquerda é de um tanque do Ariane 5, um
foguete que substituiu o Ariane 4. O
astronauta brasileiro afirma que a hidrazina é um dos combustíveis utilizados
em propulsão mais fina, de foguetes pequenos, e poderia estar presente na
esfera encontrada. "Mas é improvável, porque essa substância é usada
geralmente só no espaço para mudar nesses foguetes. Se fosse, seria
extremamente tóxica. Se quem mexeu não começou a ter reações sérias na pele em
15 minutos, provavelmente não é."
Segundo um centro de estudos
americano especializado em lixo espacial, havia previsão de que fragmentos do
foguete Ariane 4 readentrassem a atmosfera terrestre no dia 22 de fevereiro às
5h22 (horário de Brasília de verão) em qualquer um dos pontos nas linhas azul e
amarela do mapa:
A Nasa possui um programa
específico de monitoramento do lixo espacial e um manual em seu site alertando
sobre esse tipo de material (veja aqui em inglês). Segundo a agência, existem
hoje milhares de objetos orbitando em torno da Terra e outros milhões muito
pequenos para serem rastreados, uma verdadeira poluição espacial. A grande
maioria se deteriora ao retornar à atmosfera, outros objetos, não. No Brasil,
outra bola metálica caiu no município de Montividiu, em Goiás, em março de
2008, a 150 metros de uma casa. Dias depois, outro objeto despencou do céu,
dessa vez na Austrália. E em dezembro de 2011, uma esfera caiu em uma região
desabitada na Namíbia, país no sul da África.
Segundo a agência espacial
americana, porém, a chance de ser atingido por um desses objetos de uma em um
trilhão. E mesmo assim, aconteceu.
Definitivamente, nós não estamos
sós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário