Gioachino Antonio Rossini nasceu
numa família de músicos em Pesaro, cidade na costa do mar Adriático, na Itália.
Seu pai, Giuseppe, era um trompista e inspetor de matadouros, e sua mãe, Anna
Guidarini, era uma cantora, filha de um padeiro. Os pais de Rossini começaram
cedo sua educação musical, e aos seis anos de idade ele já tocava o triângulo
na banda de seu pai. O pai de Rossini simpatizava com a Revolução Francesa, e
deu as boas-vindas às tropas de Napoleão quando elas invadiram o norte da
Itália. Isto se tornou um problema quando os austríacos restauraram o antigo
regime, em 1796. O pai de Rossini foi preso, e sua mãe o levou a Bolonha, onde
ela passou a ganhar a vida como cantora nos diversos teatros da região da
România, onde seu pai eventualmente pode juntar-se a eles. Durante todo este
tempo, Rossini frequentemente foi deixado sob os cuidados de sua avó, já idosa,
que não podia controlar efetivamente o garoto. Após o retorno de seu pai,
Rossini permaneceu em Bolonha, sob os cuidados de um talhante de porcos,
enquanto seu pai tocava a trompa nas orquestras dos mesmos teatros em que Anna
cantava. O garoto teve aulas de cravo por três anos com Giuseppe Prinetti, de
Novara. Este, seu professor, que costumava tocar as escalas com apenas dois
dedos. Paralelamente à sua profissão musical tinha um emprego como vendedor de
bebidas alcoólicas, e uma propensão para adormecer de pé. Tais qualidades
tornaram-no objeto de ridicularização por parte de seu pupilo.
Depois de
estudos musicais bastante precários em Bolonha, onde escreveu alguns quartetos
de cordas no estilo de Haydn, Gioacchino Antonio Rossini, dedicou-se
inteiramente ao teatro. Escreveu, rapidamente, grande número de óperas. Seu
primeiro sucesso foi "Tancredi", de 1813.
Nomeado diretor do Teatro
San Carlo, em Nápoles, escreveu "O Barbeiro de Sevilha", cuja estreia
em Roma, em 26 de dezembro de 1816, foi vaiada. A partir da segunda
apresentação, no dia seguinte, tornou-se o maior sucesso de toda a história do
teatro musical, na Itália e no estrangeiro.
Em 1823,
Rossini aceitou um vantajoso contrato permanente com a Ópera de Paris, onde
passou a residir e foi entusiasticamente festejado. Abandonou o teatro, após a
revolução de julho de 1830 e dos primeiros sucessos de Meyerbeer. Após este
conturbado período, Rossini escreveu apenas um "Stabat mater", em
1832, e uma missa. Passou o resto da vida dedicado aos prazeres da mesa, famoso
por suas frases espirituosas e maliciosas.
Além de
"O barbeiro de Sevilha", compôs "A italiana em Argel",
"Cinderela" e "A Pega Ladra". A música dessas obras é muito
divertida, sem seriedade nenhuma, mas excelentemente adaptada ao texto e,
sobretudo, à ação dos cantores no palco. Sem dúvida, a principal contribuição
de Rossini para a música de ópera é a exploração do elemento histriônico. A
grande ambição de Rossini, contudo, foi a ópera séria, trágica, para a qual
ele, infelizmente, não tinha o mesmo talento. É digno de nota o fato de que as
aberturas de suas óperas sérias poderiam muito bem figurar como introduções a
óperas cômicas. E hoje sobrevivem, realmente, só as aberturas. Sua grande obra
séria, é ironicamente também, sua última ópera, "Guilherme Tell", de
1829. A abertura é, realmente, espetacular.
Muitos
estudiosos, principalmente italianos, descobrem nessa obra os primeiros sinais
do Risorgimento (movimento de unificação da Itália).
No geral, a
música de Rossini acompanha a época da Restauração, entre 1815 e 1830, e foi o
divertimento predileto de uma sociedade frívola e deliberadamente apolítica. É
por isso que Rossini conquistou triunfalmente a Europa com suas obras.
Classificado
como "Napoleão da música", conforme as palavras ditas por Stendhal, que cometeu o grande erro de colocá-lo
à altura de Mozart.
Como um fã incondicional de Mozart, me parece difícil comparar Rossini com o grande mestre, mas é óbvio que o italiano fez história. Suas óperas tem um caráter único que os leva antes de mais nada a peculiaridade de toda música considerada clássica: a eternidade. Vede, as músicas de sucesso hoje dificilmente serão lembradas daqui a poucos meses. Mas Rossini, assim como Mozart, perpetuam aos ouvidos. Mesmo ao leigo comum, que desconhece o autor do Barbeiro de Sevilha ao escutar os primeiros acordes saberá pelo menos completar por alguns instantes aquele momento musical de suas composições. Digno, meus sinceros parabéns ao grande Rossini, nevertheless.
ResponderExcluirIsso é fato, Tee. A música erudita e a música clássica, apesar de serem considerados estilos distintos, o amante em si é exigente. Porém, não há se quer como comparar as belas obras de Mozart à Rossini, que também tem seu mérito por que quer que seja. Ode to joy, my dear friend...
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